quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Política de transporte a um real é deficiente’, diz pesquisadora da Uenf

Segundo Isroberta, a oferta inadequada de transporte coletivo estimula o uso do transporte individual e aumenta a poluição em Campos

Até que ponto a política de ‘transporte a um real’, implantada há cerca de quatro anos em Campos, conseguiu promover uma maior acessibilidade? Esta foi uma das questões que Isroberta Rosa Araújo buscou descobrir em sua pesquisa de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

Intitulada ‘Mobilidade urbana e políticas públicas no município de Campos dos Goytacazes: um estudo da política de transportes a um real’, a pesquisa teve a orientação do professor Hernán Armando Mamani, do Laboratório de Engenharia de Produção (Leprod) da Uenf.

Segundo Isroberta, a política proporcionou aumento da mobilidade, mas não da acessibilidade, pois não conseguiu promover a democratização dos espaços da cidade. A diminuição do preço da passagem provocou um aumento considerável do número de usuários, mas este não foi acompanhado pela melhoria da prestação de serviços.

“Os problemas foram potencializados, pois os ônibus trafegam lotados, em péssimas condições de uso e com frota antiga, ultrapassando algumas vezes a idade de uso”, diz.

Segundo Isroberta, a oferta inadequada de transporte coletivo vem estimulando o uso do transporte individual, aumentando os níveis de poluição e congestionamentos em Campos. Ela observa que o sistema viário ideal é aquele que prioriza a dimensão humana, facilitando a circulação de pedestres, ciclistas e meios de transporte público coletivo, em detrimento do transporte individual motorizado.

“Ao mesmo tempo, a falta de planejamento e controle do uso do solo provoca a expansão urbana horizontal, aumentando as distâncias a serem percorridas e os custos da provisão dos serviços para as áreas periféricas, onde a oferta se torna deficitária”, afirma.

Política deficiente - De acordo com a pesquisadora, a política de transporte a um real é deficiente, pois não é acompanhada de medidas de planejamento urbano que ordenem as atividades de uso do solo com as de transporte, de forma articulada. Esta ausência de planejamento, afirma, compromete a mobilidade e a acessibilidade urbana, além de criar desconforto para a população.

“A boa mobilidade é fruto de políticas que, entre outras coisas, proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizem os modos coletivos e não individuais e motorizados de transporte, eliminem ou reduzam a segregação espacial e, por fim, contribuam para a inclusão social, favorecendo também a sustentabilidade ambiental”, finaliza.

Ascom/Uenf com redação

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